sábado, 8 de março de 2014

Introversão...

A nossa sociedade vem transformando escolas e escritórios em instituições dedicadas a extrovertidos — arquétipo que tem se revelado um grande desperdício de talento, energia e felicidade.

O sistema de valores contemporâneo segue a crença de que todos precisariam se sentir confortáveis sob a luz dos holofotes. A introversão vem sendo encarada como um traço de personalidade de segunda classe, praticamente como uma patologia. O que se descobre dos quietos é que está cometendo um erro grave ao abraçar esse ideal. Algumas das maiores ideias humanas — da teoria da evolução aos girassóis de Van Gogh e os computadores pessoais — vieram de pessoas quietas que sabiam como se comunicar com seus universos interiores. Sem os introvertidos não haveria a teoria da relatividade, os noturnos de Chopin, o Google.

O temperamento extrovertido é atraente, mas, foi transformado em um padrão opressivo que muitos, mesmo contra sua própria essência, se acham obrigados a adotar. Tal ponto de vista surge fundamentado pelas mais recentes pesquisas nas áreas da psicologia e da neurociência, que têm apresentado ideias iluminadoras: os introvertidos, por exemplo, sentem-se confortáveis com menos estímulo, como quando resolvem palavras cruzadas ou leem um livro; já os extrovertidos gostam da vibração extra de atividades como conhecer pessoas novas e esquiar em montanhas perigosas.

Especialistas afirmam também que os dois tipos trabalham de maneiras diferentes. Os extrovertidos tendem a terminar tarefas em pouco tempo, tomando decisões rápidas, enquanto os introvertidos costumam atuar de forma mais lenta e ponderada, focando-se em uma tarefa de cada vez. “Pessoas introvertidas são pensadores atentos e reflexivos, capazes de tolerar a solidão que a produção de ideias requer. A implementação dessas boas ideias, por sua vez, implica em cooperação, e introvertidos são mais propensos a preferir ambientes cooperativos, enquanto os extrovertidos costumam favorecer a competição”.

 A questão do que chamamos de “temperamento” surge como ponto central do módulo, mostrando que introvertidos e extrovertidos pensam e processam dopamina de maneiras distintas, envolve biologia e estudos de personalidade. O assunto recebe um olhar cultural em um debate que envolve amor, trabalho e educação – sempre por meio de uma acurada e delicada observação do dia a dia.

Ainda à, algumas dúvidas comuns, mostrando que um introvertido não é necessariamente um eremita ou um misantropo. Nem mesmo a palavra “timidez” pode ser tida como um sinônimo de “introversão”: esta é o medo da desaprovação social e da humilhação, enquanto aquela é a preferência por ambientes onde não predominam os estímulos externos. Ao contrario da introversão, a timidez é inerentemente dolorosa.

Assim com acontece com outros opostos complementares (masculinidade e feminilidade, Ocidente e Oriente, liberais e conservadores), a humanidade seria irreconhecível sem a divisão entre introvertidos e extrovertidos. Poetas e filósofos têm pensando sobre o assunto desde o início dos tempos, sendo que os dois tipos aparecem na Bíblia e em escritos da antiguidade clássica. O poder dos quietos, assim, leva a se aprofundar no comportamento humano e mudar a maneira pela qual enxerga a si mesmo.(Fonte: O poder dos quietos > PDF)